Dinamarquesa Scan Global chega ao Brasil com aquisição da Blu Logistics
Transação tem parte do pagamento em dinheiro e parte em ações da holding europeia
A dinamarquesa Scan Global Logistics, controlada pelo fundo de private equity CVC Capital, acaba de fechar a compra da brasileira Blu Logistics Brasil. Numa transação atípica para o setor, os sócios da Blu não só continuarão à frente da operação local como se tornarão acionistas da Scan. O pagamento também inclui uma parte em dinheiro, de valor não só continuarão à frente da operação local como se tornarão acionistas da Scan. O pagamento também inclui uma parte em dinheiro, de valor não revelado.
Na transação, a Blu foi assessorada pelo BTG Pactual e pelo escritório Mattos Filho.
“Tivemos diferentes propostas, mas nenhuma tão alinhada com nossos interesses de longo prazo”, contam os sócios Gabriel Carvalho, CEO da Blu, e Carolina Maciel, diretora comercial, ao Pipeline. A primeira oferta da Scan também era por uma aquisição pura e simples, mas diante do interesse dos fundadores de continuar na companhia, chegaram ao acerto da partnership. Inicialmente, seis sócios da Blu passam a acionistas da holding dinamarquesa.
A aquisição marca a entrada da Scan no Brasil. Ambas têm focos parecidos, com força na logística marítima, e se complementam em atuação geográfica. Enquanto a Scan domina a Europa e começou a explorar o mercado dos Estados Unidos, movimentando um total de 600 mil contêineres por ano, a Blu faz majoritariamente a rota de importação da Ásia para o Brasil, e está perto de bater 100 mil contêineres/ano – o que já a coloca como maior subsidiária da Scan.
Em operação há 11 anos, a Blu é hoje a segunda maior no país em volume de importação marítima, passando multinacionais, numa carteira de clientes que inclui nomes como Weg e Alpargatas. No ano passado, a empresa teve receita de R$ 700 milhões e, no ritmo do primeiro semestre, deve bater R$ 1,5 bilhão este ano.
“A gente chega a R$ 5 bilhões nesta década”, diz Carvalho. Além de expansão geográfica com a sinergia da nova dona, a companhia vê oportunidades de crescimento em exportação e na logística aérea. “Tem muito cliente que já atua no mercado americano, por exemplo, e trazia a demanda desse serviço. Passamos para uma carteira muito mais completa de soluções”, diz Maciel.
A Blu compunha um acordo comercial na América Latina com empresas de logística que usam a mesma marca, mas tem sócios diferentes, e se complementam em serviços em determinadas regiões. Essa operação internacional foi vendida no ano passado para a alemã Rhenus e a operação brasileira seguiu independente, mantendo o nome. Nos serviços, como importação da China para o Brasil, a Blu nacional vai se desvincular desse grupo para se conectar à rede da Scan.
Na América Latina, a Scan já tinha operação no Peru, Colômbia, Argentina, Chile e México. Só no primeiro trimestre, a companhia faturou 490 milhões de euros (cerca de R$ 2,9 bilhões), com Ebitda de 40 milhões de euros.